terça-feira, 15 de junho de 2010

Presidente interina do Quirguistão diz que conflito étnico no país "está diminuindo"; mortos chegam a 170

Do UOL Notícias

*Com informações do CIA World Factbook

A presidente interina do Quirguistão, Rosa Otunbayeva, declarou hoje (15) que por enquanto não vê necessidade de enviar forças de paz ao sul do país, onde "o conflito está diminuindo".

Ontem, o Uzbequistão fechou sua fronteira aos refugiados provenientes do Quirguistão, onde os enfrentamentos étnicos dos últimos dias deixaram pelo menos 170 mortos.

A guerra étnica entre quirguiz e uzbeques causou em cinco dias o deslocamento forçado de 200 mil pessoas dentro do Quirguistão e a fuga de 75 mil ao vizinho Uzbequistão, afirmou hoje Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).

"O conflito em Osh e Jalal-Abad está abrandando, e o governo provisório confia que essa tendência será mantida", disse a presidente Otunbayeva em entrevista coletiva.

Osh é a região onde se registraram os primeiros ataques e enfrentamentos entre quirguiz e uzbeques. "Estamos diante de uma mistura étnica altamente complexa, com 80grupos étnicos diferentes só em Osh", afirmou o porta-voz da Acnur.

No sábado passado, o líder quirguiz anunciou que tinha solicitado à Rússia o envio urgente de forças de paz para controlar a situação no sul do Quirguistão, onde segundo os dados oficiais os choques étnicos deixaram pelo menos 170 mortos desde no último dia 11.

O Kremlin respondeu esse mesmo dia que considerava o conflito no Quirguistão um "assunto interno" desse país centro-asiático, embora se mostrado aberto a que a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) estudasse a solicitação das autoridades do Quirguistão.

Além de Rússia, fazem parte da OTSC seis antigas repúblicas soviéticas: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão.

Otunbayeva admitiu que o número de mortos pode ser maior do que indicam as autoridades do Ministério da Saúde.

Como explicou a presidente interina, na tradição local, o povo enterra os corpos imediatamente após a morte, sem levá-los ao hospital para que as causas da morte sejam apuradas.

Violência
Dezenas de milhares de pessoas da etnia uzbeque tiveram que deixar suas casas desde que a violência étnica explodiu na região próxima à fronteira com o Uzbequistão, na sexta-feira.

A população acusa gangues de quirguizes de atear fogo em casas e matar moradores de origem uzbeque nas cidades de Osh e Jalalabad, no sul do país.

O Quirguistão tem uma população de 5,3 milhões de habitantes, dos quais cerca de 14% são uzbeques, que residem majoritariamente no sudoeste do país, a região afetada pela onda de violência.

Os refugiados estão em cerca de 30 acampamentos, segundo Pascale Meige Wagner, chefe de operações na Ásia Central e Europa do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. "As condições são muito difíceis. As autoridades estavam preparadas para cerca de 20 mil a 30 mil pessoas, mas já estamos bem acima desses números."

A maioria são mulheres, crianças e idosos, assustados e já passando fome, indicaram autoridades locais, que temem uma possível crise humanitária caso estes refugiados não recebam assistência rapidamente.

* Com agências internacionais

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