sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dieese divulga


Crescimento esperado do desemprego

Em comportamento típico para este período do ano, a taxa de desemprego metropolitano passou de 13,0%, em fevereiro, para 13,7%, em março. Apesar do crescimento, a taxa é a menor para o mês de março, desde 1998, no conjunto das regiões acompanhadas pelo Sistema PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) - Distrito Federal e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. A pesquisa é realizada pelo convênio mantido entre DIEESE e Fundação Seade, com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego e parceria com instituições e governos regionais, e registrou ainda uma queda de 9,3% na taxa quando a comparação é feita com março de 2009, ocasião em que o desemprego correspondia a 15,1% da população economicamente ativa.

Ainda que o crescimento da PEA - que totalizou 20.190 mil pessoas, em março, nas regiões pesquisadas - tenha sido pouco expressivo no mês (11 mil pessoas incorporaram-se ao mercado de trabalho), o total de desempregados chegou a 2.767 mil, o que representa um aumento de 149 mil pessoas em relação ao mês anterior. Este incremento resultou da redução de 0,8% no nível de ocupação, com o fechamento de 137 mil postos de trabalho. Assim, o total de ocupados nas seis regiões investigadas foi estimado em 17.423 mil pessoas. Em comparação com março de 2009, porém, o total de desempregados é de 228 mil a menos e o número de ocupados de 591 mil a mais.

O fechamento de postos de trabalho é esperado no primeiro trimestre, quando são dispensados trabalhadores contratados para dar conta do aquecimento da economia habitual dos últimos meses de cada ano. Em março, a eliminação de vagas concentrou-se no setor Serviços (-115 mil ocupações) e no Comércio (- 55 mil). Por outro lado, a Indústria mostrou aquecimento, com a abertura de 31 mil postos. Também a Construção Civil teve comportamento positivo, com a criação de 21 mil empregos. A compararação em 12 meses indica um crescimento no total de ocupações de 3,5%, resultado do bom desempenho de quase todos os setores. O maior crescimento ocorreu na Construção Civil (11,6%). No Comércio o avanço foi de 5,5% e na Indústria, de 4,4.

Apesar da redução no total de ocupados, foi mantida a geração de postos com carteira assinada no setor privado (42 mil). Nos demais segmentos, houve eliminação de vagas, como, por exemplo, para assalariados sem carteira, autônomos e empregados domésticos. Também em relação a março de 2009 o principal destaque é a expansão do total de postos com vínculo formal, que cresceu 8,4%.

O rendimento médio real dos ocupados praticamente não variou em fevereiro (-0,1%) e seu valor ficou em R$ 1.274. Para o salário médio real, houve queda de 0,7%, e ele correspondeu a R$ 1.340. Na comparação com fevereiro de 2009, tanto o rendimento dos ocupados quanto o dos assalariados registraram crescimento de 0,4%.

Comportamento das regiões

Em março, o desemprego cresceu em todas as sete regiões onde o DIEESE e a Fundação Seade, com o apoio do MTE, realizam a Pesquisa de Emprego e Desemprego. O maior incremento (7,4%) ocorreu em São Paulo, onde a taxa passou de 12,2%, em fevereiro, para 13,1%. Em 12 meses, porém, houve recuo de 12,1%, uma vez que em março de 2009, a taxa correspondia a 14,9%. Em Salvador, a taxa aumentou 5,9%, passando de 18,8% em fevereiro, para 19,9%, em março. Em comparação com o ano passado - quando a taxa foi de 20,1% - houve queda de 1,0%. Na RM de Belo Horizonte, o desemprego cresceu 5,2%, com a taxa evoluindo de 9,7% para 10,2%, na comparação entre fevereiro e março. Em março de 2009 a taxa era igual a atual. No Distrito Federal, a taxa de 14,7%, registrada em março, é 4,3% maior que a de fevereiro (14,1%) e 14,5% menor que a de março de 2009 (17,2%). Em Fortaleza, região ainda não incluída na taxa metropolitana, a taxa de desemprego alcançou 10,2%, em março contra 9,9%, em fevereiro e 12,8% de março do ano passado. A taxa de desemprego, em Porto Alegre ficou, em março, em 9,8%, 2,1% maior que a de fevereiro (9,6%) e 16,2% menor que a de março de 2009 (11,7%). Recife apresentou o menor crescimento da taxa (1,6%), em março (9,8%) comparado com fevereiro (9,6%). Em relação a março de 2009 a taxa caiu 4,9%, pois então correspondia a 20,3%.

Em março, o nível de ocupação teve variação negativa em todas as regiões pesquisadas. Em Salvador, a queda foi de 1,3%; em São Paulo, de 0,9%; em Fortaleza, de 0,7%; em Belo Horizonte, de 0,6%; no Distrito Federal, de 0,6% e em Porto Alegre houve retração de 0,4%. Em Recife foi apurada relativa estabilidade (-0,1%). Na comparação anual, todas as regiões apresentaram desempenho positivo: Distrito Federal, alta de 6,1%; Fortaleza, 5,9%; Recife, 4,4%; São Paulo, 3,8%; Salvador, 2,4%; Belo Horizonte, 2,3% e Porto Alegre, 2,1%.

O rendimento médio real dos ocupados teve comportamento diferenciado nas regiões pesquisadas, em fevereiro comparado com janeiro. No Distrito Federal, houve redução de 1,6%, com seu valor passando a R$ 1.811. Também em São Paulo, ocorreu queda, neste caso de 0,6%, e o valor médio correspondeu a R$ 1.309. O mesmo recuo foi verificado em Belo Horizonte, com seu valor ficando em R$ 1.295. Em Salvador houve relativa estabilidade (-0,1%) e seu valor foi de R$ 1.024. Recife apresentou crescimento de 2,9%, com o valor médio chegando a R$ 841; em Porto Alegre o aumento foi de 2,7%, passando a equivaler, em média, a R$ 1.267; e em Fortaleza, houve incremento de 2,2%, e passou a corresponder a R$ 795. Também em 12 meses o comportamento do rendimento médio real foi diferenciado, com elevação em Recife (5,9%), Belo Horizonte (3,4%), Salvador (2,1%) e Porto Alegre (2,0%). Por outro lado, houve queda no Distrito Federal (-6,4%) e em Fortaleza (-1,2%) e relativa estabilidade em São Paulo (-0,2%).

Acesse Regionais para ver os dados detalhados de cada uma das regiões

Acesse também: www.dieese.org.br

Revista Time inclui presidente Lula em lista dos mais influentes líderes de 2010

Fonte: Blog do Planalto

O presidente Lula foi escolhido uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2010 em edição especial da revista Time divulgada nesta quinta-feira (29/4) - ver aqui (em inglês). Essa edição anual aponta os mais influentes entre líderes, artistas, pensadores e personalidades (ou ‘heróis’, como classifica a revista).

A categoria em que o presidente brasileiro aparece em primeiro lugar inclui também o presidente americano Barack Obama (4º), o primeiro-ministro japonês Yukio Hatoyama (6º) e o primeiro-ministro indiano Manmohan Singh (19º). Clique aqui para ver a lista completa.

O texto de apresentação do presidente Lula no site da revista Time foi feito pelo cineasta Michael Moore. Confira abaixo a tradução:

Quando os brasileiros elegeram Luiz Inácio Lula da Silva presidente pela primeira vez, em 2002, os capitalistas selvagens do país checaram, nervosos, os medidores de combustível de seus jatos particulares. Eles tinham transformado o Brasil em um dos lugares mais desiguais do planeta e agora parecia que tinha chegado a hora da revanche. Lula, 64 anos, era um verdadeiro filho das classes trabalhadoras da América Latina – na verdade, um dos membros fundadores do Partido dos Trabalhadores – que já havia sido preso por liderar uma greve.

Quando Lula finalmente conquistou a Presidência, após três tentativas frustradas, já era uma figura conhecida na vida nacional brasileira. Mas o que o levou à política, em primeiro lugar? Foi sua experiência pessoal de como os brasileiros têm que trabalhar duro para sobreviver? Foi ter sido forçado a abandonar a escola depois da quinta série para sustentar sua família? Foi ter trabalhado como engraxate? Foi ter perdido parte de um dedo em um acidente de trabalho?

Não. Foi quando, aos 25 anos, viu sua esposa, Maria, morrer durante o oitavo mês de gravidez, junto com o filho, porque não podiam arcar com cuidados médicos decentes.

Há uma lição aqui para os bilionários do mundo: dêem ao povo boa assistência médica, e ele causará muito menos problemas.

E aqui está uma lição para o resto de nós: a grande ironia da Presidência de Lula – ele foi eleito para um segundo mandato em 2006, que se encerra no final deste ano – é que, enquanto ele tenta levar o Brasil ao Primeiro Mundo, com programas sociais como o Fome Zero, que visa acabar com a fome, e com planos para melhorar a educação oferecida aos membros da classe trabalhadora do Brasil, os EUA se parecem cada vez mais com o antigo Terceiro Mundo.

O que Lula quer para o Brasil é o que costumávamos chamar de sonho americano. Nós, nos EUA, em compensação, onde o 1% mais rico possui mais do que os 95% mais pobres somados, estamos vivendo em uma sociedade que está rapidamente se tornando mais parecida com o Brasil.

Governo retira MPs e frustra servidores estaduais da saúde



28/04/2010

Depois de muita enrolação, uma sucessão de erros e muitas ida e vindas, além da manifestação incessante e organizada dos servidores estaduais da saúde, o governo do Estado decidiu retirar as Medidas Provisórias nº 174 e nº 178 para apresentar nova proposta.

A manobra impediu a votação da emenda, proposta pelo Sindsaúde e encampada pelo deputado Darci de Matos (DEM), que estabelecia a gratificação salarial de 83,333% a todos os níveis de servidores da Secretaria da Saúde, e não mais restrita a um pequeno grupo. Percebendo que ia perder a maioria no Plenário, o governo optou pelo pior encaminhamento.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Estado (SindSaúde), Edileuza Garcia Fortuna, aproveitou um espaço concedido pelos líderes de bancadas para manifestar a posição da categoria. Ela pediu a abertura de uma mesa de negociação para buscar uma solução, a qual o governo nunca procurou. "Nós fizemos um estudo, nós aprofundamos esse debate, fomos atrás de deputados e do secretário da Administração [Paulo Eli] para resolver esse problema", disse. "O Sindsaúde, com 13 mil servidores organizados, exige justiça".

Edileuza lembrou que no dia 13 de março foi pedido - para a então secretária da Saúde Carmen Zanotto - uma gratificação por atividade técnica para todos os servidores da pasta. "E ela negociou apenas com meia dúzia, que apostou em dividir a categoria. Ela sim fez uma manobra eleitoreira", denunciou em Plenário.

A presidente pediu o empenho dos deputados governistas para conquistar uma mesa de negociação a fim de que seja discutida a pauta dos servidores. "Tirar a medida provisória não é garantia de fim da discriminação", esclareceu.

Apesar da atitude errônea do governo e deputados, o Sindsaúde considera todo o processo uma vitória, pois está conseguindo reverter uma discriminação salarial em justiça igualitária.

Repercussão

A manobra do governo repercutiu mal entre os deputados. Para Joares Ponticelli (PP), “esta foi a maior injustiça salarial que presenciei em 12 anos de mandato”. O autor da emenda que garantia justiça salarial, Darci de Matos (DEM) protestou e chamou a decisão de "lamentável" e "desrespeito" aos servidores e ao Parlamento. Ele citou uma lei aprovada no Rio de Janeiro que vai de encontro à sua emenda. Na mesma linha, o deputado Sargento Amauri Soares (PDT) ressaltou que uma consulta aos procuradores da Assembleia Legislativa afastou as dúvidas e os boatos de que a emenda era ilegal e inconstitucional. “Não existe crime eleitoral até 3 de julho e nós, deputados, podemos trabalhar sossegados”, disse.

Infeliz

O líder do PMDB, deputado Antonio Aguiar, em uma atitude infeliz, transferiu a responsabilidade pela retirada das MPs ao sindicato. No Plenário, ele leu uma carta do Sindsaúde que pedia o fim da tramitação das medidas provisórias. No entanto, a carta foi escrita muito tempo antes da criação da emenda, logo depois da assembleia da categoria de 12 de abril. Portanto, em um cenário político totalmente diferente do atual. A diferença era que o governo queria manter a discriminação. E, no próprio documento, o sindicato pede a "construção de um projeto que contemple de todo igualitário e todos os servidores".

Com a inércia do governo e seus deputados, o Sindsaúde conseguiu angariar apoios no Parlamento, fazer uma emenda e conquistar maioria - e o governo sabia que a demanda agora era aprovar a MP com as mudanças. "É muito fácil transferir a responsabilidade para o Sindicato da Saúde, pela incapacidade, pela incompetência e pelo erro que o governo fez com uma medida discriminatória que só atende uma minoria, que acaba com plano de cargos e salários da categoria", respondeu Edileuza.

Apoio

Entidades como a Aprasc, Sinte, Sindalesc e Conlutas também estavam na Assembleia Legislativa e manifestaram apoio ao Sindsaúde e a luta dos servidores da área. Na opinião do secretário-geral da Aprasc, soldado Antônio Francisco da Silva, a união das mais diversas categorias do funcionalismo público faz a diferença neste momento. “Nossa categoria também está sendo discriminada, então estamos solidários ao Sindsaúde, torcendo para que a MP seja aprovada. Deram uma gratificação de R$ 2 mil para os oficiais e R$ 250 para os praças. É um absurdo e chega a ser humilhante ver que a gratificação concedida a um oficial é maior que o salário de um praça”, protestou.

Fonte:Sindsaúde

Servidores do Judiciário catarinense defendem concurso público


Os servidores do judiciário catarinense promovem nesta sexta-feira, 30, em todas as comarcas do estado atos em defesa do concurso público. 30 mil panfletos com uma carta aberta à população serão entregue durante o dia em todos os Fóruns. No documento o sindicato ressalta que o concurso inibe apadrinhamentos e evita que o interesse de alguns se sobreponha ao interesse de toda a população.
Hoje existem no judiciário cerca de 1.000 cargos comissionados, aproximadamente 2.000 estágiários, muitos trabalhando gratuitamente e outros 500 terceirizados, inclusive realizando atendimento e movimentando processos. Quase a metade da força de trabalho do Judiciário catarinense não passou pelo concurso público. Tudo está sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho.

Veja o conteúdo da Carta:

Em defesa do Concurso Público
Carta aberta aos servidores do judiciário e à população.


PÚBLICO, segundo lingüistas, é o que pertence ao povo. Tudo o que é público é do povo, é destinado aos cidadãos e à sociedade, que paga através dos impostos os salários dos trabalhadores públicos.

O hospital público não é dos médicos. A escola pública não é do diretor da escola. Assim como a Justiça não é dos desembargadores ou juízes.
Saúde, educação e justiça são serviços públicos essenciais, por isso tem o concurso público como forma de acesso aos cargos.

Pelo concurso as pessoas são selecionadas num processo democrático, baseado em conhecimentos e responsabilidades em que todos, inclusive você, podem concorrer.

O concurso evita os apadrinhamentos e evita que o interesse de alguns se sobreponha ao interesse de toda a população.

Neste dia, no Estado todo, os trabalhadores do judiciário estão mobilizados, em defesa de sua pauta de reivindicações e especialmente, para denunciar a precarização que vem ocorrendo no trabalho judiciário, reivindicando Provimento e Concurso Público para todos os cargos.

Talvez você não saiba, mas hoje, nos fóruns de Santa Catarina, grande parte do serviço prestado é feito por trabalhadores que estão no judiciário sem concurso público, seja como cargos comissionados, estagiários ou terceirizados.

É uma política das Administrações do TJSC que trata estudantes como mão-de-obra barata e burla constantemente o concurso público através da terceirização de serviços e do aumento do número de cargos comissionados.

Nos últimos anos foram criados mais de 500 cargos em comissão, burlando inclusive resoluções do Conselho Nacional de Justiça.

Hoje há cerca de 1.000 cargos comissionados no Judiciário, somados a aproximadamente 2.000 estagiários, muitos trabalhando gratuitamente e outros 500 terceirizados, inclusive em atividades fim do judiciário como atendimento e movimentação de processos.

Quase metade da força de trabalho do judiciário não passou pelo concurso público, o que motivou uma investigação do Ministério Público do Trabalho sobre o assunto, ainda em andamento.

Ao par desses números extravagantes de trabalhadores precários na maioria das comarcas faltam servidores efetivos. Em algumas varas com 4 ou 5 mil processos às vezes há apenas dois ou três funcionários efetivos, onde deveria haver 7. Há casos de comarcas onde existem vagas de oficial de justiça abertas há quatro anos e o TJ não realiza concurso.

São cargos de técnicos, oficiais de justiça, agentes de portaria, assistentes sociais e analistas jurídicos que não existem e comprometem à prestação de serviço à comunidade.

Nisto, resulta o atraso do inventário, a demora em se conseguir o remédio caro, no direito de se adotar uma criança, naquilo que não têm preço: a vida do cidadão.

Por isso hoje, nós queremos deixar claro mais uma vez nossa posição: Em defesa do Concurso Público, em defesa de um Serviço Público cada vez melhor e cada vez mais perto do cidadão.

Servidores do Judiciário em luta por: Concurso público para todos os cargos. Transformação dos cargos de nível médio. Correção do auxílio-alimentação. Solução para as disfunções. Incorporação do abono. Revisão salarial anual. Pagamento do valor integral do auxílio-alimentação aos aposentados (as).

Fonte: Sinjusc

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Supremo rejeita preliminares e decide analisar mérito da ação da OAB contra a Lei da Anistia




28/04/2010 - 20:20 |

Por 8 votos a 1, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu analisar o mérito da Arguição de Preceito Fundamental (ADPF 153) ajuizada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra o artigo 1º da Lei 6.683/79, conhecida como Lei da Anistia. O posicionamento da Corte foi tomado nesta quarta-feira (28), antes de o relator do processo, ministro Eros Grau, passar a analisar o mérito do processo.

Ao todo, os ministros votaram sobre cinco preliminares apresentadas pela Advocacia Geral da União (AGU), pelo Senado Federal e pelo Ministério da Defesa. Todas foram rejeitadas pela maioria do Plenário.

Dos nove ministros que participam do julgamento – o ministro Dias Toffoli atuava como advogado-geral da União quando a ação foi ajuizada e, por isso, está impedido de julgar o caso, e o ministro Joaquim Barbosa está de licença médica –, somente o ministro Marco Aurélio concluiu pela inadequação do instrumento processual (a ADPF) para contestar a norma.

“Não tenho como assentar a existência, hoje, passado esse período substancial de 30 anos, a partir da lei atacada, a concretude de um pronunciamento do Supremo”, disse o ministro ao se referir à prescrição dos crimes e aos prazos processuais para pedir indenizações na Justiça.

Preliminares

A primeira preliminar apresentada pelo ministro Eros Grau foi suscitada pela AGU. Nela, apontou-se a ausência de comprovação de controvérsia constitucional ou judicial com relação à Lei da Anistia. A necessidade dessa controvérsia é um dos requisitos para ajuizamento de ADPF.

Segundo explicou Eros Grau, a norma que regulamenta a ADPF (Lei 9.882/99) prevê o cabimento desse tipo de ação quando o fundamento da controvérsia constitucional sobre a lei questionada for relevante.

“É desnecessária a comprovação da existência de controvérsia judicial atinente à aplicação do preceito constitucional. Basta a demonstração de controvérsia jurídica em qualquer sede sobre a validade da norma questionada ou de sua interpretação”, disse o ministro. E, para ele, está “satisfatoriamente” comprovada a existência de polêmica quanto à validade constitucional da anistia dada aos agentes públicos que praticaram delitos quando vigorava a repressão à dissidência política na época da ditadura militar.

“A divergência sobre a anistia penal é notória mesmo no seio do poder Executivo federal, tendo sido apontados aos autos notas técnicas que a comprovam”, afirmou. Ainda segundo Eros Grau, o próprio Supremo diagnosticou a presença de controvérsia sobre a correta interpretação a ser dada à anistia prevista na Lei 6.683/79 ao julgar e autorizar o pedido de Extradição (EXT 974) do major uruguaio Manuel Juan Cordeiro Piacentini, acusado de participar da Operação Condor, formada nos anos 70 para reprimir a oposição a regimes militares da América do Sul. “Isso é suficiente para que resulte demonstrada a controvérsia instaurada.”

EC 26/85

A AGU e o Senado Federal também apontaram como impedimento para julgar a ADPF o fato de a OAB não ter contestado todas as normas relacionadas ao tema, citando expressamente o parágrafo 1º do artigo 4ª da EC (Emenda Constitucional) 26, de 1985. A emenda reafirmou de forma genérica a anistia instituída em 1979. Ao rejeitar essa preliminar, o ministro Eros Grau afirmou que ela se confunde com o mérito da ação da OAB e “será a seu tempo examinada”.

A terceira preliminar examinada no Plenário apontou que a ação seria incabível porque a lei se volta contra atos cujos efeitos se esgotaram na data da sua edição. Sobre isso, Eros Grau foi taxativo: “nada impede que leis temporárias sejam questionadas mediante ADPF”.

As duas últimas preliminares analisadas foram propostas pelo Ministério da Defesa. A primeira alega falta de indicação das autoridades responsáveis pelos atos concretos de descumprimento de preceitos fundamentais. Ao votar sobre isso, o ministro Eros Grau acolheu trechos do parecer do Ministério Público Federal (MPF), segundo o qual “em precedentes, o STF, ao julgar procedente a alegação de descumprimento de preceitos fundamentais, aceitou os efeitos genéricos naturais ao controle objetivo de constitucionalidade”.

Por fim, o Ministério da Defesa apontou a “inutilidade” de uma eventual decisão que acolha o pedido da OAB, já que os crimes, ainda que não anistiados, estariam prescritos. Ou seja, da decisão não resultaria qualquer efeito prático.

Nesse ponto, o ministro Eros Grau disse que a eventual prescrição dos crimes deverá ser analisada caso a caso. Por isso, a apreciação do mérito da ação não estaria prejudicada.

Ao votar, o presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso, rejeitou várias preliminares em conjunto, de forma sucinta. Ele afirmou que a ação da OAB propõe que a Corte analise a compatibilidade ou não de uma determinada norma chamada de pré-constitucional com a Constituição de 1988.

Por isso, disse ele, não se pode exigir, no caso, a existência de controvérsia judicial relevante, “tampouco a descrição de fatos, porque não há fatos a serem discutidos”. “Tampouco exige identificação prévia dos autores ou de autoridades responsáveis por atos concretos porque, na verdade, aqui, em caso de procedência da ação, ou em caso de improcedência, os destinatários serão os juízes e as demais autoridades e órgãos que venham a ser chamados para aplicar ou deixar de aplicar a norma”, afirmou.

Sobre a prescrição, Peluso disse que ela fica prejudicada diante da própria anistia dada aos agentes políticos. “Uma vez eventualmente reconhecida a validez e a compatibilidade da norma com a Constituição em vigor, estarão, portanto, reconhecidos os efeitos da anistia e, por seguinte, a inexistência de fato criminoso a cujo respeito se pudesse cogitar de prescrição”, disse.

Fonte:www.ambitojuridico.com.br
Fonte: STF

MST


29/04/2010 - 07h26

MST amplia foco e propõe aliança com a cidade por agricultura sustentável, diz Stédile
Vinicius Konchinski
Da Agência Brasil

Em São Paulo

Há cerca de 30 anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começou a se organizar nacionalmente com um propósito: promover a reforma agrária no Brasil. Os anos passaram, o movimento se consolidou, milhares de militantes foram assentados, e o foco de atenção do MST se ampliou.

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, João Pedro Stédile, um dos líderes nacionais do movimento, afirmou que é hora de os sem-terra lutarem por um agricultura mais fraterna e sustentável. Segundo ele, os militantes devem agora buscar diferentes alianças, principalmente com a população da cidade, para alcançar dois novos objetivos: a redução do uso de agrotóxicos nas lavouras e o fim do domínio de empresas multinacionais sobre a agricultura nacional.

“O MST percebeu que não basta você ser contra o latifúndio e a favor da distribuição de terra. Você tem que lutar também pela mudança do modelo agrícola.”

Stédile disse que, atualmente, três ou quatro empresas de atuação global dominam o mercado nacional de sementes, insumos e fertilizantes. “Isso subordinou a agricultura brasileira. Elas controlam o mercado mundial, controlam os preços e impõem o que querem à nossa agricultura.”

Ele disse também que poucas companhias incentivam os produtores rurais brasileiros a ser os que mais consomem agrotóxicos no mundo. São 720 milhões de litros por ano. “É impossível que isso tenha futuro. Os venenos destroem a fertilidade do solo, contaminam a água, ou então ficam nos alimentos que vão para o nosso estômago.”

Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Stédile à Agência Brasil:

Agência Brasil: O MST espera conseguir o apoio de outros setores da sociedade com essa nova política de atuação contra os agrotóxicos e multinacionais?
João Pedro Stédile: Nós temos certeza de que a imensa maioria da sociedade brasileira também defende este programa. Já, agora, em movimentos pontuais, nós atuamos com o Greenpeace, com o movimento ambientalista e com os setores de defesa do consumidor. O próprio Idec [Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor] tem nos apoiado na questão dos agrotóxicos.

ABr: Essa nova política pode ajudar a mudar a imagem negativa do MST com alguns segmentos?
Stédile: A ampla maioria da sociedade brasileira nos apoia. Se o MST não tivesse apoio já teria sido destruído. Agora, queremos dar um passo a mais. Temos que nos aliar ao povo da cidade. Veja a situação dos agrotóxicos: quem come os produtos cheios de venenos? O povo pobre da cidade. Então, quando nós vamos resolver isso? Quando as massas da cidade tomarem consciência desse problema e resolverem se mobilizar.

ABr: A mudança de foco de atenção significa a redução das ocupações de terra?
Stédile: A ocupação faz parte da história da humanidade. Sempre que um território é apropriado apenas por uns poucos e nesse mesmo território convivem milhares de pessoas sem acesso à terra, é evidente que haverá ocupação. A política do MST é de organizar os pobres para que lutem por seus direitos. Em alguns lugares, serão passeatas. Em outros, ocupações.

ABr: Essa nova política é consenso no MST? Não seria uma proposta de parte do movimento que já foi assentada e, por isso, não milita mais pela terra?
Stédile: Consenso é a pior palavra. O consenso é burro. Em qualquer movimento social, há opiniões diferentes. Mas essa política que eu expressei aqui é da ampla maioria. Evidentemente, por causa da natureza da nossa luta, em cada região há um grupo que prioriza um aspecto. Se um sujeito está acampado, ele tem que lutar para conquistar terra o quanto antes. Se ele já está assentado há vinte anos e está enfrentando o problema do agrotóxico, é claro que o agrotóxico é o centro da luta dele.

ABr: O MST pretende apresentar essas propostas aos candidatos à Presidência?
Stédile: Nós estamos pensando em apresentar essas propostas para todos os candidatos, não só a presidente como a governos estaduais. Daqui até maio, eu acredito que esse processo de discussão das sugestões já vai estar concluído e, quando começar a campanha, vamos contribuir.

ABr: Já existem sugestões?
Stédile: Sim. Nós achamos que temos de transformar a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] numa grande empresa estatal. Ela deve garantir a compra de produtos dos camponeses e abastecer mercados populares com produtos de qualidade. Nós também temos que controlar o ingresso de multinacionais no Brasil. Estes dias eu li no jornal que uma empresa chinesa quer comprar 100 hectares de terra aqui. Isso é um absurdo. Não pode acontecer.

fonte: www.uol.com.br

OIT

Senado aprova convenção 151.
Texto vai à promulgação

O Senado aprovou, na última terça-feira (30), o PDS 819/09 que ratifica, com ressalvas, a Convenção 151 e a Recomendação 159 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O projeto vai à promulgação, já que se trata de norma internacional, portanto, é prerrogativa do Congresso sancionar.

A primeira estabelece garantias às organizações de trabalhadores da Administração Pública, parâmetros para a fixação e negociação das condições de trabalho, para a solução de conflitos e para o exercício dos direitos civis e políticos.

Já a Recomendação 159 pretende, entre outras coisas, "garantir parâmetros objetivos e pré-estabelecidos para a eventual existência de direitos preferenciais ou exclusivos a determinadas organizações de trabalhadores e a previsão legal acerca dos indivíduos ou órgãos competentes para negociar em nome da autoridade pública e seus procedimentos de negociação".

De acordo com o parecer da Comissão de Relações Exteriores, cujo relator foi o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB/AC), "a maior parte dos dispositivos da Convenção e da Recomendação já se encontra espelhada no ordenamento jurídico brasileiro".

O veto presidencial, que configura a ressalva na aprovação, refere-se à necessidade de se fixar em lei a remuneração dos servidores - e suas condições de trabalho - que não podem, por isso, ser objeto de simples negociação entre a autoridade administrativa e os servidores.

Pauta trabalhista

A Convenção 151, configurada no PDS 819, é parte integrante da "pauta trabalhista" ou agenda positiva do movimento sindical no Congresso Nacional, que é composta agora por seis proposições, já que a convenção foi aprovada pelo Legislativo.

Faz parte ainda dessa agenda, a proposta de redução da jornada de trabalho (PEC 231/95); o projeto de lei do salário mínimo (PL 1/07); a Convenção 158 que proíbe a demissão imotivada; a retirada do projeto de terceirização (PL 4.302/98); o fim do fator previdenciário (PL 3.299/08); e a PEC 438/01, que pune a prática de trabalho escravo.

Clique aqui e leia a redação que vai à promulgação.

Fonte: Agência DIAP

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Belo Monte


Belo Monte é a expressão e o significado do governo Lula-Sarney’
Escrito por Valéria Nader e Gabriel Brito, da Redação
25-Abr-2010

Projetada no governo Geisel, a usina hidrelétrica de Belo Monte, bandeira energética do governo Lula, tem vivido um espetáculo da mais pura improvisação. Após incessantes decisões judiciais contra e a favor da obra, o leilão que consagrou o consórcio liderado pela Queiroz Galvão e Chesf durou apenas sete minutos, sobrepondo-se à notificação da justiça que o suspendia. Logo depois, a Queiroz decidiu abandonar o empreendimento, acontecimento inédito em leilões do gênero. Para finalizar, alguns perdedores poderão participar do empreendimento, não como sócios principais, mas nas obras de construção da usina, vez que o projeto está envolto em uma série de dúvidas relativas aos custos a serem incorridos. Já há uma fila de empreiteiras interessadas. É o cabaré da energia elétrica.

Para tratar deste que é um dos assuntos mais polêmicos dos oito anos do PT no poder, o Correio da Cidadania conversou com o professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, Célio Bermann. Bermann não poupou críticas, de todos os matizes, a um projeto que foi imposto contra a vontade das populações, através de caricaturais audiências públicas e fictícias referências de custo.

Para Bermann, a explicação para a obsessão por Belo Monte é a aliança Lula-Sarney, que abarca figuras historicamente ligadas ao setor eletro-intensivo, de forma a manter a subordinação da política energética nacional aos interesses de grandes corporações econômicas. Desse modo, estaríamos vendo o início de uma radicalização na apropriação das riquezas do território amazônico, que só pode gerar trágicas conseqüências ambientais e sociais.

Correio da Cidadania: Que balanço você faz da trajetória do projeto de Belo Monte, com toda a disputa política e guerra judicial que cercam o projeto? Como avalia o resultado do leilão, que culminou com a desistência dos principais concorrentes, a Odebrecht e a Camargo Corrêa, tudo indicando que o projeto deverá ser encampado pelo governo?

Célio Bermann: Primeiramente, eu não classificaria o resultado do leilão como uma vitória. Aconteceu que, apressadamente, a partir de novembro passado, o governo empurrou de forma obsessiva o projeto Belo Monte.

O resultado indica o seguinte: em primeiro lugar, o projeto será bancado única e exclusivamente pelo dinheiro público, através, primeiramente, do financiamento do BNDES, que deverá comparecer com 80% dos 19 bilhões de reais que custará a obra – custo que, no entanto, as construtoras e fabricantes de equipamentos eletro-mecânicos dizem não ser inferior a 30 bilhões.

Outro fato é que o consórcio vencedor é fundamentalmente formado por empresas públicas, estatais, o que se verifica na medida em que a Chesf representa 50% da composição acionária e o governo pretende também incorporar ao projeto, de forma efetiva, a participação acionária da Eletronorte, que por sua vez vai gerir a hidrelétrica. É toda uma engenharia financeira baseada fundamentalmente em renúncia fiscal exacerbada, com todas as conseqüências à população e aos contribuintes.

Dessa forma, estamos na iminência de assistir a um dispêndio de dinheiro público a ser administrado de forma absolutamente incompetente, porque o preço vencedor é totalmente fictício, uma vez que não é possível remunerar tal investimento com uma tarifa de 78 reais por cada 1000 kW/h.

Isso significa que, mais uma vez, haverá necessidade - para compensar os prejuízos, que serão assumidos principalmente pelas empresas estatais - de recorrer ao Tesouro Nacional a fim de se garantir que a energia seja suprida, principalmente para reproduzir e confirmar (e essa é a maior característica do projeto de Belo Monte) o modelo de apropriação do território amazônico, baseado na tomada de seus recursos naturais, de sua água, seus rios, para proporcionar a expansão de bens de alto conteúdo energético e baixo valor agregado.

Ou seja, faço referência às indústrias minero-metalúrgicas, de minério de ferro, bauxita e também sua primeira transformação, em aço e em lingote de alumínio.
Essa forma de "promover" o desenvolvimento da região amazônica e do país é absolutamente lesiva aos interesses da população brasileira.

CC: Além de perseguir um modelo de desenvolvimento inadequado sob os aspectos social e ambiental e dos custos elevadíssimos, o projeto é também criticado pela sazonalidade da usina no suprimento da energia e pelas incertezas geotécnicas que envolvem a obra. O que você acrescentaria a estes pontos que são destacados como grandes óbices para a efetivação desse empreendimento?

CB: Além da já mencionada questão da engenharia financeira, a idéia de que é preciso uma hidrelétrica para resolver o problema de habitação e infra-estrutura de uma cidade, de uma região, também aponta uma maneira absolutamente equivocada de entender os projetos de geração de eletricidade.

O principal benefício argumentado pelo governo é prover habitações de alvenaria e melhorias de saneamento, tratamento de água e esgoto para Altamira e região. Isso significa passar a responsabilidade das políticas públicas, que necessariamente devem ser assumidas pelos escalões da administração municipal, estadual e federal, para o empreendimento. Significa também a procura do governo por uma legitimação política, principalmente junto à população local mal informada.

CC: O que pensa sobre a avaliação de estudiosos de que o empreendimento de Belo Monte, com as reformulações pelas quais passou desde seu formato original, quando ainda era a usina de Kararaô, terá um impacto significativamente menor sobre o meio ambiente?

CB: O que aconteceu, em minha compreensão, foi que efetivamente houve a tentativa de levar em consideração o problema da amplitude do reservatório na concepção do projeto, com o artifício da construção de canais. Serão construídos dois canais de medidas significativas, de forma a comportar o volume de água que inicialmente estava estabelecido e ocuparia toda a região. Com isso, reduziu-se pela metade o reservatório, que antes era de 1200km².

Um problema significativo é que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) indica um reservatório de 400 km², enquanto o edital do leilão apontava um reservatório da ordem de 600 km². Aí também havia uma brecha por onde se poderia justificar o cancelamento do empreendimento, por não reconhecer o que tinha sido referência para a discussão ambiental. Se efetivamente haverá o aumento do reservatório, problemas sócio-ambientais de maior monta serão revelados. Portanto, seria fundamental reavaliar o projeto.

Mas o problema maior é que, na medida em que o projeto procurou reduzir as resistências ambientais, ao mesmo tempo em que manteve o dimensionamento da obra, ocasionou uma concepção absolutamente equivocada, que já determina sua ineficiência.

Agora ele está nas mãos de empresas estatais, pois as privadas saíram e não participam da tomada de empréstimos e dos investimentos, o que manteve a concepção de superdimensionamento da usina, de 11,2 mil mW, quando na verdade essa energia só estará disponível durante três meses ao ano. E haverá períodos de estiagem, entre setembro e outubro, nos quais a capacidade de geração se reduzirá a 1080 mW.

Frente a esse fato, o governo passou a trabalhar com a noção de ‘média de energia’, em torno de 4000, 4500 mW ao longo do ano, o que é uma maneira enganosa de caracterizar o empreendimento. A energia que estará garantida, independentemente do regime hidrológico, é de apenas 1000, 1100 mW. O restante da energia disponibilizada terá valor comercial menor.

Dessa forma, as empresas estatais (que deveriam ser públicas, mas não são) vão arcar com esse enorme prejuízo, que vai cair no bolso do brasileiro, e assim assistiremos ao prenúncio do processo de expansão do capital internacional na Amazônia: predatório, sem levar em consideração o interesse da população brasileira, especialmente as ribeirinhas, indígenas e tradicionais, fatalmente seguido da solicitação de construção de outras três usinas rio acima para melhorar a eficiência da usina e aumentar a disponibilidade hídrica, embora o governo indique que isso não acontecerá. No entanto, aponto como inexorável a necessidade de construção de outras usinas a montante, aí sim passando diretamente pelas populações da bacia do Xingu.

CC: Por que este governo é tão determinado em dar início a um projeto de custo elevadíssimo, em um país com variadíssimo potencial energético e com toda a resistência de entidades ambientalistas e movimentos sociais, inclusive com grande repercussão internacional? A quem se destina prioritariamente os benefícios desse projeto?

CB: Precisamos realmente qualificar que governo é esse que leva adiante de forma obsessiva o empreendimento, malgrado todas as análises críticas de movimentos sociais, ambientalistas, de acadêmicos e cientistas que fizeram aquele painel de especialistas para elaborar uma avaliação crítica aos estudos ambientais e à construção.

É preciso lembrar que essa obra é um arranjo político que constitui a expressão e significado do governo Lula-Sarney. Eis a referência que aponto.

O governo lulo-sarneysista tem interesses históricos na viabilidade de Belo Monte; todo o Ministério das Minas e Energia e a Eletrobrás de hoje estão constituídos pelos chamados homens-Sarney. São a esses, que mantêm relações históricas de privilégios com o setor eletro-intensivo, e às empresas minero-metalúrgicas, que politica e economicamente satisfaz um empreendimento dessa ordem.

Para o governo Lula e a candidatura Dilma fica o equívoco de identificar o projeto Belo Monte como estratégico, prioritário do PAC. Foi um equívoco determinado pela política de aliança do governo Lula.

Em minha opinião, esse erro pode gerar, em função das repercussões, uma insatisfação da sociedade e das populações locais em relação à condução do processo, fragilizando a própria candidatura. Eu analiso que Belo Monte, da forma como foi açodadamente conduzido, pode significar o cadafalso da candidatura Dilma.

CC: Vários estudiosos da área elétrica defendem, no entanto, o projeto como uma forma de aproveitar o potencial hidrelétrico brasileiro, já que o Brasil só teria utilizado até agora um terço desse grande potencial de energia limpa, proporção bem inferior à média dos países desenvolvidos. Qual a sua opinião quanto a esta avaliação?

CB: Essa percepção da hidroeletricidade de nosso país precisa ser redefinida. Nós temos hoje uma dependência excessiva da hidroeletricidade amazônica. O fato de mais de 50% de nosso potencial hidrelétrico estar localizado naquela região não significa, em absoluto, que todos os rios da Amazônia precisam ser transformados em jazidas de megawatts.

Tanto o projeto de Belo Monte como as usinas Santo Antônio e Jirau, do Rio Madeira, apontam a idéia que marca o pensamento elétrico, de se otimizar o aproveitamento energético desconsiderando as questões ambientais e sociais. E eventualmente, como em Belo Monte, procurando incorporar algumas dessas questões, mas mantendo a concepção de geração energética. Isso indica que não há compatibilidade entre preocupação ambiental, justiça social e o pensamento hegemônico de conduzir os projetos hidrelétricos da forma que vemos.

Em relação aos apoiadores da expansão hidrelétrica, devo dizer algo, sobre o qual Belo Monte é simbólico: primeiramente, a energia hidrelétrica ficará cada vez mais cara. Se levarmos em consideração a ordem e grandeza de 30 bilhões de reais de investimento, significa que o kilowatt instalado em Belo Monte está alcançando 2700 reais, cerca de 1500 dólares por kilowatt instalado, basicamente. Internacionalmente, o preço do kilowatt hidrelétrico instalado é de 1000 dólares. Estamos fazendo uma usina cara, contrariando a informação do governo e seus apoiadores de que se trata de projeto extremamente favorável no que se refere à relação custo/investimento e benefício.

Em segundo lugar, há o problema do destino da energia. Ela não será destinada às necessidades e requerimentos da população brasileira, não será voltada à melhoria de suas condições de vida no dia-a-dia e ao aumento da oferta de energia a essas pessoas.

CC: Segundo ainda esses mesmos estudiosos, fontes de energia alternativa, como eólica, solar, podem, sem dúvida, complementar a necessidade de suprimento, em vista de nosso variado potencial energético, mas não conseguiriam suprir significativamente as demandas de nossa matriz energética. O que você teria a dizer sobre essas energias alternativas?

CB: Essas outras fontes poderiam ter um aproveitamento melhor, como a biomassa também, o que poderia ser um complemento às fontes tradicionais, mas ainda se tem a compreensão de que são caras demais para receber investimento.

Mas é extremamente importante, antes de tudo, ressaltar alguns pontos. Um deles é a redução da perda de energia do sistema termelétrico: de acordo com dados do próprio governo, temos no Brasil uma perda da ordem de 15% do momento em que a energia é gerada, entra no sistema de transmissão, depois passa pela distribuição, até chegar à tomada dos consumidores.

Sem esquecer das características de prioridade à fonte hidráulica, não podemos imaginar reduzir essa perda ao que hoje é a média em países da Europa, Japão, EUA, onde ela fica em torno de 8%. Mas poderíamos imaginar reduzir as perdas a cerca de 10%. Daria pra ganhar 5% do que é gerado, disponibilizando esse montante para o consumo. Tal investimento é bem menor que a construção de uma nova usina.

Ao mesmo tempo, considero o fato de que o sistema hidrelétrico nacional apresenta condição diferenciada daquela existente nos locais citados, cuja matriz energética é extremamente dependente de usinas a carvão e gás natural, localizadas mais próximas do centro de carga e dos consumidores, o que possibilita uma menor perda também. A distância entre o local de geração e de consumo é determinante para operacionalizar um programa desse tipo. Por isso, em minha opinião, considerando as grandes linhas de transmissão do Brasil, levando energia elétrica de usinas hidrelétricas distantes do centro de carga e dos locais de consumo, nossa característica possibilitaria trabalhar com a redução de perdas, o que é uma conta teórica, mas que poderia levar a uma economia equivalente a dois terços do que se produz de energia em Itaipu.

Outra alternativa, para a qual chamei particularmente a atenção em 2004, e que teve resposta do governo apenas no ano passado, é a repotenciação de usinas hidrelétricas que operam há mais de 20 anos. Mas, nesse estudo feito pelo governo, a EPE – Empresa de Planejamento Energético - procura reduzir as conseqüências da repotenciação vistas historicamente e acaba super-dimensionando a capacidade de geração do parque hidrelétrico atual. Com isso, apontam uma escala de ganho extremamente reduzida por meio da repotenciação.

Neste momento, estou envolvido num trabalho de investigação e pesquisa junto a uma empresa de geração do estado de São Paulo para definir concretamente as possibilidades de redução de perdas nas usinas que operam hoje, de modo a conseguir aumento de energia por meio da repotenciação. Espero que esse trabalho se transforme numa discussão teórica, baseada em ganhos advindos da repotenciação e, por outro lado, em questionamentos sobre o super-dimensionamento do atual parque hidrelétrico por parte do governo. Espero reunir elementos suficientes para, de forma concreta, indicar as possibilidades que a repotenciação pode trazer.

CC: Todas essas possibilidades juntas não alcançariam o potencial elétrico que se projeta para Belo Monte de modo bem menos lesivo ao meio ambiente e à população? Por outro lado, até que ponto suprir esse potencial elétrico supostamente originário de Belo Monte é o foco que deve acompanhar as preocupações de uma política energética e de um modelo de desenvolvimento?

CB: Todas essas alternativas não substituem as grandes usinas hidrelétricas produtoras de grandes blocos de energia, como Belo Monte. Uma energia que, no entanto, é voltada a satisfazer as necessidades e requerimentos do processo eletro-intensivo.

As formas alternativas de energia têm como foco principal trazer benefícios não concentrados em um ou outro setor da economia, e com isso há a necessidade de discutir o modelo de acumulação que vigora em nosso país.

O modelo de desenvolvimento no qual estamos hoje assentados, de meros produtores de bens primários de alto conteúdo energético e baixo valor agregado, não representa um Brasil forte em termos de produção, geração de renda e geração de energia. Pelo contrário, esse modo de apropriação dos recursos naturais em favor de poucos apenas representa e indica que o governo Lula-Sarney faz essa construção em subordinação aos interesses financeiros internacionais.

Trata-se de uma visão equivocada, de que a disponibilidade energética conduz necessariamente ao desenvolvimento. As conseqüências inelutáveis serão a degradação ambiental e o acirramento da crise social.

CC: É possível projetar o tamanho do custo ambiental da obra? Seria digno de contestação não apenas nacional, como também internacional?

CB: Embora tenha sido propagandeado que era da ordem de 1,5 bilhão de reais, o custo ambiental não teve uma contabilidade de fato, não foram citados os parâmetros para se chegar a tal resultado...

A discussão histórica é de que os empreendedores que vão tocar a obra vão buscar reduzir custos. E a procura por redução de custos se dará principalmente sobre as dimensões sociais e ambientais.

Mesmo que tais valores projetados se confirmem, só serão verificados no futuro.

CC: E quanto ao custo social, considerando todo o deslocamento das populações tradicionais, indígenas e ribeirinhas, qual a sua avaliação? Será tão desastroso como no caso de Tucuruí?

CB: O problema é que não se trata, como se pensa, de dar a essas populações opções de uma casinha ou algo assim. O que acontece historicamente é que cerca de 80% das populações atingidas por obras hidrelétricas do país não receberam nenhum tipo de indenização.

Vamos imaginar que o empreendimento consiga fazer alguma forma de ressarcimento à população. O problema reside em que o levantamento do EIA – Estudo de Impacto Ambiental - subestima a população, o que já mostra o problema de se levar em conta o custo real do deslocamento dessa população a partir de uma obra desse porte, ainda mais na região amazônica. É o mesmo que se viu em Tucuruí e se vê agora em Porto Velho (por conta das usinas do Rio Madeira), casos em que o contingente de pessoas atraídas pela busca de emprego não será absorvido, pois a obra fica preferencialmente com a mão-de-obra qualificada. E essa população é mão-de-obra desqualificada, que não dispõe de programas de qualificação previstos nos projetos.

A questão social, acrescentada ao fato de que a população atraída vai demandar equipamentos sociais, moradia, educação, não está contemplada no investimento, não está valorada, e irá se constituir numa conta não assumida pelo empreendedor.

CC: Acredita que toda a contenda em torno da construção, ou não, da usina pode ensejar novas lutas por direitos de povos indígenas, tradicionais e locais, enfim, minorias que habitam terras muito cobiçadas em nosso país por suas riquezas naturais?

CB: A perspectiva de ampliação do processo político de contestação certamente existe. O problema é saber as conseqüências que irá trazer. A depender destas conseqüências, vai ser redefinida a forma como os interesses das populações são, ou não, incorporados ao processo de discussão e de investimentos.

Em minha opinião, a natureza de tais empreendimentos, com sua subordinação aos interesses do capital internacional, determina que esta é uma luta inglória, isto é, existe uma insatisfação popular muito grande, mas que, a meu ver, não abrirá espaço para que populações tradicionais interfiram nas decisões.

Quero dizer que não há compatibilidade entre o exercício democrático e a concepção desses empreendimentos. Eles são excludentes.

CC: Qual será, de todo modo, o final dessa contenda a seu ver? A luta de ambientalistas e populações atingidas conseguirá barrar a obra? Ou, por outro lado, o governo pode acabar engavetando ou adiando o projeto em vista de todo o desgaste gerado pela construção da usina, o qual pode ser utilizado inclusive eleitoralmente pela oposição?

CB: O problema é que, nas atuais circunstâncias, o governo conta com a irreversibilidade do processo. Eu esperava que a lógica prevalecesse, e foi o que aconteceu. Dessa forma, não posso levar em consideração a incerteza do que pode acontecer.

Vai existir incerteza tanto em relação ao empreendimento como no que se refere à contestação política ao resultado do leilão. Isso vai trazer um desgaste muito grande à candidatura do governo, mas tais possibilidades não nos permitem apontar de forma conclusiva o desfecho. Porém, qualquer que seja, o desgaste é enorme e pode representar a fragilização da candidatura Dilma.

Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista.

ADOÇÃO

STJ mantém adoção de crianças por casal homossexual

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu hoje uma decisão inovadora para o direito de família. Por unanimidade, os ministros negaram recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul e mantiveram a decisão que permitiu a adoção de duas crianças por um casal de mulheres.

Seguindo o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, a Turma reafirmou um entendimento já consolidado pelo STJ: nos casos de adoção, deve prevalecer sempre o melhor interesse da criança. " Esse julgamento é muito importante para dar dignidade ao ser humano, para o casal e para as crianças", afirmou.

Uma das mulheres já havia adotado as duas crianças ainda bebês. Sua companheira, com quem vive desde 1998 e que ajuda no sustento e educação dos menores, queria adotá-los por ter melhor condição social e financeira, o que daria mais garantias e benefícios às crianças, como plano de saúde e pensão em caso de separação ou falecimento.

A adoção foi deferida em primeira e segunda instâncias. O tribunal gaúcho, por unanimidade, reconheceu a entidade familiar formada por pessoas do mesmo sexo e a possibilidade de adoção para constituir família. A decisão apontou, ainda, que estudos não indicam qualquer inconveniência em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, importando mais a qualidade do vínculo e do afeto no meio familiar em que serão inseridas. O Ministério Público gaúcho recorreu, alegando que a união homossexual é apenas sociedade de fato, e a adoção de crianças, nesse caso, violaria uma séria de dispositivos legais.

O ministro Luis Felipe Salomão ressaltou que o laudo da assistência social recomendou a adoção, assim como o parecer do Ministério Público Federal. Ele entendeu que os laços afetivos entre as crianças e as mulheres são incontroversos e que a maior preocupação delas é assegurar a melhor criação dos menores.

Após elogiar a decisão do Tribunal do Rio Grande do Sul, relatada pelo desembargador Luiz Felipe Brasil Santos, o presidente da Quarta Turma, ministro João Otávio de Noronha, fez um esclarecimento: “Não estamos invadindo o espaço legislativo. Não estamos legislando. Toda construção do direito de família foi pretoriana. A lei sempre veio a posteriori”, afirmou o ministro.

Fonte:www.ambitojuridico.com.br

14 anos de prisão para médico que cobrou para atender a pacientes do SUS

14 anos de prisão para médico que cobrou para atender a pacientes do SUS


O médico Fernando José Mendes Slovinski foi condenado em 14 anos e 4 meses de prisão pela prática de concussão (exigir vantagem no exercício da função), na ação penal que responde por cobrar valores de pacientes do Hospital Celso Ramos, em Florianópolis.

Na sentença, a juíza Maria Terezinha Mendonça de Oliveira, da 2ª Vara Criminal da Capital, determinou, ainda, a perda da função pública e a inabilitação para o serviço público de Slovinski, que terá de pagar às vítimas os prejuízos sofridos.

As irregularidades praticadas pelo médico vieram à tona por meio de emissora de televisão local, que exibiu filmagem, efetuada por familiares de Edla Hausmann Weber, da cobrança de R$ 3 mil para realização de exames - que deveriam ser feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Assim como ela, outros 10 pacientes também pagaram para serem atendidos no Hospital Celso Ramos, onde Slovinski estava lotado. O hospital atende principalmente pelo SUS. Os valores cobrados variaram de R$ 3 mil a R$ 6 mil, no período entre outubro de 2004 e junho de 2008, quando as infrações foram reveladas.

Na sentença, a juíza salientou que as pessoas vão ao Hospital Celso Ramos justamente em busca de tratamento gratuito, custeado pelo SUS. Como agravante, ela apontou que, além de usar as instalações da instituição, Slovinski também usava o material, com despesas e prejuízos decorrentes dos atendimentos irregulares, cobrando como médico particular.

Para a magistrada, o médico “aproveitou-se do desespero e da dor das vítimas para obrigá-las a pagar por um serviço que deveria ser gratuito”. A juíza destacou um fato ocorrido no curso do processo: Slovinski procurou duas vítimas, dizendo que lhes devolveria o valor pago, se entregassem todos os documentos apanhados no hospital.

“Com tal atitude, o réu assumiu a prática do delito descrito na exordial acusatória. Iludir pessoas idosas e doentes, quando deveria cuidar da saúde delas. Fazer as pessoas venderem bens móveis para pagar por serviços, que deveriam ser gratuitos”, concluiu Maria Terezinha. Da sentença cabe apelação. (AP n. 023.08.059711-7)

Fonte: www.ambitojuridico.com.br

terça-feira, 27 de abril de 2010

MARCHA DOS CATARINENSES



CUT SC realizará no dia 28 de abril a Marcha dos Catarinenses

27/04/2010

A exemplo das marchas que anualmente realizamos a Brasília, quando pautamos as políticas em âmbito nacional, queremos realizar a Marcha dos Catarinenses, conforme deliberação do 10º Congresso Estadual da CUT - CECUT, unificando nossas bandeiras em um grande ato estadual.

Nosso objetivo é pautar nossas reivindicações também no âmbito do Estado, cobrando os compromissos do Governo Estadual e dos Gestores públicos municipais em relação às políticas públicas que atendam as demandas da classe trabalhadora, com investimentos de fato em políticas educacionais, de saúde, de segurança pública, de moradia, de fortalecimento da agricultura familiar; em políticas de geração de empregos e renda e numa política que garanta as condições dignas de trabalho aos servidores públicos de todas as esferas de Governo.

Com este propósito, estamos organizando e mobilizando a marcha junto às demais centrais sindicais e movimentos sociais, focando os eixos: saúde; redução da jornada para 40 horas; piso nacional dos trabalhadores da educação; piso estadual de salários; reforma agrária e política agrícola; pela valorização dos serviços e servidores públicos; contra a criminalização dos movimentos sociais, contra a corrupção.

Companheiros(as), vamos mobilizar e colocar nas ruas da capital o maior número possível de trabalhadores(as) e dar o recado que não admitimos desrespeito e retirada de direitos. Pelo contrário, queremos avançar, conquistando mais direitos.

A concentração na capital será no dia 28 de abril, com inicio às 13horas, na Praça Tancredo Neves, com termino previsto para as 16horas em frente a Assembléia Legislativa de Santa Catarina – ALESC e Tribunal de Justiça .

A CUT disponibilizará as camisetas. Solicitamos que tragam suas bandeiras e faixas e/ou pirulitos com suas bandeiras de lutas/reivindicações.

Somente conquistaremos melhores condições de trabalho com mobilização nas ruas e pressão política. A participação de todos/as é fundamental.

Fonte: CUT/SC

INSALUBRIDADE

MANDADO DE SEGURANÇA – INSALUBRIDADE

TJ nega pedido de decisão liminar em Mandado de Segurança e ação continua tramitando para exame do mérito

A assessoria jurídica do Sindalesc informa que no dia 15 de abril foi impetrado Mandado de Segurança (nº 2010.019656-0) no Tribunal de Justiça, requerendo a re-implantação da gratificação de insalubridade nos vencimentos dos servidores da Alesc, filiados ao Sindicato, que aderiram à ação.

De acordo com os advogados, o pedido de decisão liminar, peticionado neste Mandado de Segurança, foi negado pelo desembargador Relator Newtow Trisotto, no dia 19 de abril, que proferiu decisão contrária por entender que não estaria presente o requisito da “URGÊNCIA” e ainda ressaltou:

“os documentos acostados à petição inicial não autorizam a concluir que a supressão da “gratificação de insalubridade” compromete a subsistência dos “substituídos” e dos seus familiares.”

Por fim, cumpre informar que o Mandado de Segurança continua tramitando e que o TJ fará o exame do mérito ao analisar o fundamento da ação, que consiste no direito ao recebimento da gratificação no mesmo padrão vencimental que vinha sendo pago aos servidores até o mês de fevereiro de 2010.

A diretoria

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Projeto Nacional e Popular dos Movimentos Sociais - 2010

Por Coordenação dos Movimentos Sociais
Fonte: Caros Amigos

Com o declínio do neoliberalismo e a crise do capitalismo os valores representados por esse sistema passam a ser questionados pela sociedade. Assim, o capitalismo predatório que destrói o meio ambiente causando graves desequilíbrios climáticos, que desrespeita os povos de todo o mundo e suas soberanias, que explora o trabalhador e desestrutura o mundo do trabalho, que exclui o jovem, discrimina o homossexual, oprime a mulher, marginaliza o negro, mercantiliza a cultura é agora visto com ressalvas.

A crise financeira mundial é uma crise do sistema capitalista. Ela expôs as contradições intrínsecas a esse modelo e quebrou as certezas e a hegemonia do mercado como um deus regulador das relações comercias e sociais. Essa crise abriu a possibilidade de se rediscutir o ordenamento mundial, os rumos da sociedade, o papel do Estado e um novo modelo de desenvolvimento. Porém, sabemos que esse momento pelo qual passamos é de profundas adversidades para a classe trabalhadora de todo o mundo em função das crises financeira e climática em curso. A consequência das crises é o aumento da desigualdade e por esse motivo reafirmamos o nosso desafio com as lutas e com a solidariedade de classe.

Nosso continente, a América Latina, atrai os olhos de todo o planeta diante de sua onda transformadora. Por outro lado, a hegemonia mundial ainda é capitalista e as elites não entregarão o continente que sempre foi tido como o quintal do imperialismo de mão beijada. Não é à toa a promoção do golpe contra Chávez em 2002, em Honduras em 2009, a tentativa de golpe contra Lula em 2005 ou mesmo a desestabilização de Fernando Lugo que está em curso no Paraguai.

Ao mesmo tempo, as elites se utilizam e fortalecem novos instrumentos de dominação. Sua principal arma hoje é a grande mídia e os monopólios de comunicação. Esses organismos funcionam como verdadeiros porta-vozes das elites conservadoras e golpistas. Por isso ganham força os movimentos de cultura livre e as rádios e jornais comunitários que conseguem driblar o monopólio midiático.

O povo estadunidense elegeu Barack Obama em um grande movimento de massas carregando consigo as esperanças de superar a era Bush. Entretanto, mesmo com Obama o imperialismo continua sendo imperialismo. Os EUA crescem seu olho diante das grandes riquezas naturais do nosso continente, como a recente descoberta do Pré-sal. No mesmo momento em que os EUA reativam a quarta frota marítima também instalam mais bases militares na Colômbia e no Panamá , além de insistir no retrógrado bloqueio a Cuba.

Atentos a esses movimentos do imperialismo, os movimentos sociais reunidos no Fórum Social Mundial Temático em Salvador reafirmam seu compromisso com a luta por justiça social, democracia, soberania, pela integração solidária da América Latina e de todos os povos do mundo, pelo fortalecimento da integração dos povos, pela autodeterminação dos povos e contra todas as formas de opressão.

No Brasil, muitos avanços foram conquistados pelo povo durante os 7 anos do Governo Lula. O Estado foi fortalecido alcançando maior ritmo de desenvolvimento, a distribuição de renda e o progresso social avançaram com a valorização do salário mínimo e políticas sociais como o Bolsa Família, a integração solidária do continente foi estimulada. Porém, muito mais há para ser feito. As reformas estruturais capazes de enraizar as conquistas democráticas não foram realizadas e a grave desigualdade social perpetrada por mais de 5 séculos em nosso pais está longe de ser resolvida. Por isso, devemos lutar pelo aprofundamento das conquistas nesse período de embate político que se aproxima.

Reafirmamos a luta contra os monocultivos predatórios, os desmatamentos, o uso de agrotóxicos que gera a poluição dos rios e do ar. Seguiremos na luta contra o latifúndio e em defesa da biodiversidade e dos recursos naturais como forma de preservação do meio ambiente, dos ecossistemas, da fauna e flora integradas com o homem.

Unidos no combate ao machismo, ao racismo e à homofobia. Lutamos por uma sociedade justa e igualitária, livre de qualquer forma de opressão, onde as mulheres tenham seus direitos respeitados e não sofram abusos e violências, os negros não sofram preconceito e saiam da condição histórica de pobreza que lhes é reservada desde os tempos da escravidão, os homossexuais tenham acesso a direitos civis e não sofram discriminação.

Sabemos que essas conquistas virão da luta do povo organizado. Por isso, convocamos todos os militantes a fazer um grande mutirão de debates envolvendo estados, municípios e segmentos sociais no intuito de construir um projeto de desenvolvimento soberano, democrático e com distribuição de renda para o Brasil. Neste sentido, convocamos todos(as) para a Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais no dia 31 de maio de 2010, em São Paulo e afirmamos nosso apoio a Assembléia Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras a ser realizada no dia 01 de junho, também na cidade de São Paulo, ambos encontros serão momentos de ampliação e fortalecimento dos debates e da pauta democrática, que segue inicialmente centralizada nos seguintes pontos:

SOBERANIA NACIONAL

Defesa do Pré-sal 100% para o povo brasileiro.

Pela retirada das bases estrangeiras da América Latina e Caribe.

Pela retirada imediata das tropas dos EUA, do Afeganistão e do Iraque.

Defesa da autodeterminação dos povos.

Pela criação do Estado Palestino.

Contra a desestabilização dos governos democráticos e populares da América Latina, contra os Golpes de Estado, a exemplo de Honduras.

Contra a presença da 4ª Frota na América Latina.

Pela integração solidária da América Latina.

Fortalecimento do MERCOSUL, UNASUL e da ALBA.

Defesa da Amazônia como patrimônio nacional.

Pela democratização e o fortalecimento das forças armadas.

DESENVOLVIMENTO

Por uma política nacional de desenvolvimento ambientalmente sustentável, que preserve o meio ambiente e a biodiversidade, e que resguarde a soberania sobre a Amazônia brasileira.

Por um Projeto Nacional de Desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho.

Pelo fortalecimento da indústria nacional.

Contra o financiamento público às grandes empresas brasileiras que atuam nos países latino americanos com base em um modelo de desenvolvimento insustentável, que aprofunda desigualdades.

Em defesa da Reforma Agrária e contra o latifúndio.

Redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

Por políticas Públicas para a Juventude.

Defesa de formas de organização econômica baseadas na cooperação, autogestão e culturas locais.

Pela alteração da Lei Geral do Cooperativismo e da conquista de um Sistema de Finanças Solidárias e Programa de Desenvolvimento da Economia Solidária (PRONADES), do Direito ao Trabalho Associado e Autogestionário, e de um Sistema de Comércio Justo e Solidário.

Desenvolver as finanças solidárias pela apropriação das comunidades e dos trabalhadores de seus fluxos econômicos e financeiros, de forma coletiva e autogestionária, para que o sistema financeiro esteja a serviço da sociedade e do bem viver de todos.

Em defesa da democracia econômica, popular e solidária, com políticas públicas de apoio ao crédito, capacitação e estímulo a formalização de grupos informais.

Valorização do trabalho livremente associado e da democracia construída pelos trabalhadores a partir da autogestão e do uso coletivo da propriedade.

Regulamentar a aposentadoria especial, aos trabalhadores que laboram em atividades de risco, conforme determina a constituição federal.

Aprovação da PEC 438/01 contra o trabalho escravo e atualização dos índices de produtividade da terra.

Direito a biodiversidade, produção livre de agrotóxicos e transgênicos, que o Estado seja um comprador dos produtos da economia solidária e que incentive o diálogo e a promoção do consumo sustentável.

DEMOCRACIA

Contra os monopólios midiáticos.

Pela universalização da internet de banda larga a ser administrada pela Telebrás, como forma de democratização da comunicação.

Contra a criminalização dos movimentos sociais.

Em defesa da cultura livre, que todo o processo de criação e difusão seja livre, garantindo aos sujeitos sociais condições suficientes para criarem e acessarem todos os bens culturais.

Pela ampliação da participação do povo nas decisões, através de plebiscitos e referendos.

Democratizar os meios de comunicação, visando à pluralidade de opiniões e o respeito e difusão das opiniões das minorias.

Pela criação imediata de um canal aberto de televisão pública.

Pela integração da TV pública brasileira ao projeto da Telesur.

Fortalecimento das rádios e TVs públicas e comunitárias.

Concessão de linhas de financiamento a projetos de criação de novas TV’s, Rádios, Jornais e Revistas de grande circulação por parte dos movimentos sociais e populares.

Contra o caráter restritivo a distribuição de conhecimento e propriedade intelectual; pela revisão da lei de direito autoral brasileira, enfocando nos novos formatos de distribuição de conteúdo em mídias digitais.

Contra a intolerância religiosa, em defesa do Estado laico.
Petrobrás 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores e acelerar a transição da matriz energética para combustíveis menos poluentes.

Todo apoio ao III Programa Nacional de Direitos Humanos.

MAIS DIREITOS AO POVO

Pelo fim das patentes de remédios.

Ampliação da educação popular como base sistemática da construção do poder popular.

Educação pública, gratuita e de qualidade para todos e todas, com a universalização do acesso, promoção da qualidade e incentivo à permanência nos diversos âmbitos: educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior.

Por uma campanha efetiva de erradicação do analfabetismo.
Adoção de medidas para democratizar o acesso ao ensino superior público.

Defesa da saúde pública, garantindo acesso da população a atendimento de qualidade.

Melhorias no sistema nacional de saúde pública. Tratamento preventivo às doenças, atendimento digno às pessoas nas instituições públicas. Pelo desenvolvimento de um amplo programa de saneamento ambiental e valorização dos SUS como política de Estado.

Pela garantia e ampliação dos direitos sexuais reprodutivos.
Pelo fim do fator previdenciário e por reajuste digno para os aposentados.

Por uma política de Segurança Pública que valorize a vida acima do patrimônio.

Lutar por Bens comuns e serviços públicos significa afirmar os princípios de soberania alimentar e se posicionar contra as privatizações de serviços públicos e da natureza, além de afirmar a responsabilidade do Estado na garantia de direitos como saúde, educação, acesso à água e saneamento.

É necessário priorizar a agricultura camponesa e familiar, mudar o modelo energético para outro que garanta a sustentabilidade ecológica, o que só será possível com o fim do financiamento ao agronegócio.

A produção industrial e a agrícola devem estar voltadas para o mercado interno e para um modelo sustentável, que diga não às patentes, à privatização da biodiversidade, da água e das sementes, recuperando a função social do uso da terra.

A água é um bem público que deve ser utilizado de forma democrática e responsável. É urgente o fim da exploração predatória dos recursos naturais, que tem comprometido a sobrevivência das populações e das gerações futuras.

Aplicar o Estatuto da Cidade na prerrogativa da função social da propriedade; justa distribuição da terra e dos recursos originários dela.

A propriedade tem que cumprir função social o déficit habitacional é produto da sociedade de classes e resultado das relações de mercado. Reivindicamos reforma urbana plena e com urgência, para que as populações menos favorecidas que moram em habitações indignas e insalubres, não sofram com os desastres naturais que colocam em risco suas vidas.

PEC 285- Moradia digna e apoio a Campanha Internacional “Despejo Zero”.

Pela erradicação do trabalho infantil.

GÊNERO, POLÍTICAS RACIAIS

Pelo fim do extermínio da juventude negra.

Pela aprovação do estatuto da igualdade racial.

Por Políticas Públicas de Igualdade Racial.

Pela garantia da autonomia do corpo das mulheres, e legalizar o aborto em toda a América Latina.

Contra a mercantilização do corpo das mulheres e a exploração sexual de mulheres e meninas.

O reconhecimento do trabalho das mulheres e o questionamento da divisão sexual do trabalho estão no centro do debate sobre autonomia econômica feminina. Para isso, é necessário construir novas relações sociais e um novo modelo econômico. O modelo dominante só considera como econômicas as atividades realizadas na esfera mercantil, desconhecendo uma imensa quantidade de trabalho doméstico, de cuidados, e para o auto-consumo, na maioria realizados por mulheres. Além disso, desvaloriza o trabalho assalariado realizado pelas mulheres.

A violência contra as mulheres, realidade presente em todos os países, precisa acabar. É preciso dar visibilidade às lutas das mulheres contra a violência sexista, a partir da sensibilização da sociedade e da elaboração de demandas aos Estados, além da realização de campanhas de educação popular que apontem para a conscientização feminista.

Queremos evidenciar as conseqüências diretas das guerras e conflitos nas vidas das mulheres, que vão além das enfrentadas pela população masculina dos países que vivem essa realidade. Em contextos de guerra, a apropriação do corpo das mulheres é vista como recurso, forma de controle, intimidação ou troféu.

Além da denúncia do papel dos fabricantes de armas, que tanto lucram com os conflitos e interferem politicamente em seus rumos, queremos dar visibilidade a responsabilidade dos Estados e da ONU, cujas tropas trazem mais violência às mulheres.

SOLIDARIEDADE

Toda solidariedade ao povo haitiano! O movimento sindical e os movimentos sociais, manifestam pesar pela tragédia que atingiu a população do Haiti, provocando milhares de mortos e feridos, dor nos parentes das vítimas fatais e sofrimento do conjunto da população. O momento exige ajuda humanitária, mas com respeito à dignidade e soberania do povo haitiano. Com base nos princípios da soberania e autodeterminação dos povos defendemos que o papel das forças militares externas ao Haiti atue como ação humanitária, respeitando as normas internacionais de direitos humanos e a legislação local.

Convocamos todas as organizações sociais, movimentos sociais e sindicatos a realizarem ações concretas de solidariedade, atuando no fortalecimento da organização popular e social no Haiti, o país precisa de médicos, enfermeiros, engenheiros, de iniciativas unitárias e ajudas que busquem reforçar a solidariedade aos trabalhadores e ao povo do Haiti neste momento difícil, para que possam rumar a democracia com justiça.

Solidariedade ao povo cubano – pela liberdade dos 5 prisioneiros políticos do Império.

Solidariedade aos povos oprimidos do mundo.

Calendário de Ações:

ABRIL – 17 de abril – Jornada de luta pela reforma agrária.

MAIO– 01 de maio – Dia do trabalhador.
MAIO – 31 de maio - Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais.

JUNHO – 01 de junho - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora.

SETEMBRO - 28 de setembro – Dia de Luta contra a criminalização das mulheres que fazem aborto e Dia de Luta pela Legalização do Aborto.

NOVEMBRO - 20 de novembro – Dia da Consciência Negra.
NOVEMBRO - 25 de novembro – Dia de combate a violência contra as mulheres.

OPERAÇÃO DILÚVIO

Hey Neto condenado a 14 anos de prisão

Ex-servidor da Fazenda teria incluído empresas em esquema de sonegação

Quatorze anos de prisão e uma multa de cerca de R$ 60 mil. Essa foi a sentença da 1ª Vara Federal Criminal de Florianópolis aplicada ao ex-funcionário comissionado da Secretaria da Fazenda Aldo Hey Neto.

Ele foi preso na Capital em agosto de 2006 durante a Operação Dilúvio, da Polícia Federal. Aldo Hey Neto era acusado de utilizar o cargo para incluir empresas sonegadoras de impostos no programa de incentivos fiscais Compex, mediante suposta cobrança de propina.

Além dele, seis pessoas foram condenados a penas de prisão e multa, incluindo Antônio Carlos Lucchesi Filho e Márcio Silva Xavier, sócios da empresa MXT Trading, que teria sido beneficiada pelo esquema. Todos podem recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Ontem, o DC tentou localizar os advogados de defesa, mas as ligações feitas a um dos escritórios não foram atendidas.

Segundo o Ministério Público Federal, Hey Neto teria recebido de R$ 100 mil e R$ 150 mil para incluir no Compex empresas no esquema desvendado pela Operação Dilúvio.

Segundo a PF, empresas importavam produtos declarando valores abaixo do real para sonegar impostos de importação. O valor deixado de arrecadar seria de R$ 500 milhões.

Os integrantes do suposto esquema procuravam estados que tivessem programas de incentivos fiscais nos moldes do Compex para receber benefícios nos impostos estaduais. Hey Neto coordenava o Compex, que cortava pela metade a alíquota do ICMS para as importadoras inscritas no programa utilizarem os portos e aeroportos do Estado. Após uma auditoria que encontrou irregularidades em pelo 10 dos 150 processos do Compex, o governo estadual substituiu o programa pelo Pró-Emprego, com a promessa de mais controle.

Na época da prisão, foram encontrados na casa de Hey Neto em Jurerê Internacional, na Capital, R$ 649,3 mil e US$ 57,650. No seu endereço em Curitiba, foram apreendidos mais R$ 160.974, US$ 467.335, 600 libras esterlinas e 11.880 euros. Ele teria afirmado à PF que o dinheiro era de um amigo. Hey Neto ficou preso até novembro de 2006.

Fonte: Sintespe

Noticias do Sinte/SC

Pacotaço de MPs discrimina magistério

e privilegia, principalmente, os amigos do rei
Mais uma vez o governo do Estado discrimina o magistério, ao não incluir a categoria nas gratificações salariais propostas pelas medidas provisórias que estão em tramitação na Assembleia Legislativa. Mais de sessenta mil servidores do magistério ficaram de fora dos benefícios do pacotaço de 12 projetos de lei (depois transformados em medida provisória), encaminhado ao legislativo estadual pelo ex-governador LHS no pagar das luzes de seu governo.

Essa é a política discriminatória do Governo do Estado, que privilegia determinados setores que já ganham altos salários e trabalham nos órgãos centrais do Governo e concede aumento a conta gotas aos servidores do quadro civil. Ou seja, beneficiados mesmo somente aqueles que são amigos do rei.

É por essa posição discriminatória do governo do estado que o SINTE/SC chama todos (as) trabalhadores (as) em Educação para a assembleia estadual da categoria marcada para 28 de abril, às 10h, no Clube 12 (localizado na av. Hercílio Luz), no centro de Florianópolis.

Vamos exigir um tratamento igualitário por parte do governo; que os R$ 94 milhões que serão acrescidos à folha de pagamentos com os benefícios concedidos a 53 mil servidores (5.236 são pensões especiais), sejam distribuídos de forma justa para todos os servidores públicos estaduais. Reivindicamos que seja aplicado o reajuste o índice do INPC dos últimos doze meses - 4,67% - para todo o serviço público estadual. Sem privilégios, sem discriminação, mas com justiça e responsabilidade.

Fonte: Sinte/SC

Opinião

Oito anos do Governo das injustiças

Fim de Governo, fim de feira: este é o retrato lamentável em que sai de cena Luiz Henrique da Silveira e seus Secretários, no desembarque de parte da “tríplice aliança”.

Oito anos jogando com a vida do funcionalismo, oito anos de jogo de cena, oito anos jogando os servidores no divisionismo, oito anos de arrocho salarial imposto aos servidores públicos do Estado. Oito anos onde o Governo Luiz Henrique da Silveira onde sequer regulamentou a data-base para o funcionalismo e para piorar, dez anos sem reajuste no vale alimentação, que continua no valor de seis reais por dia desde o ano de 2000.

E para fechar o caixa, ou a caixinha de maldades, cria e concede Gratificações com cronograma de pagamento para o próximo Governo pagar e, no descongelamento (descompactação) da tabela do quadro geral, concede 1% em quatro vezes sendo a primeira parcela de 0,25% a ser paga em julho de 2010 e a última em junho de 2011. Quatro anos para descompactar a tabela, porém mantendo o piso congelado sem reajuste. Não respeitou a pauta da Campanha Salarial aprovada pelos servidores estaduais em assembléia geral do SINTESPE em maio de 2009, que aprovou uma reposição na tabela em 2% no piso, com descompactação, e recuperando o prejuízo do congelamento do período do primeiro Governo do Luiz Henrique da Silveira/Pinho Moreira e no segundo Governo Luiz Henrique da Silveira/Leonel Pavam, que é sua atual continuidade.

Além disso, discrimina servidores nas Gratificações, não concedendo aos servidores do quadro da Educação, por exemplo, que estão fora da Sede da Secretaria da Educação, como servidores lotados nos CEDUPs, NEPs, CEJAs aos administrativos das escolas, porem os que estão na Sede, junto ao Secretário, ganham Gratificações desde 2006.

O Governo cria nova Gratificação aos Policiais Civis e Militares no valor de R$ 250,00, que é uma vergonha comparada à gratificação de R$ 2.000,00 paga aos Oficiais e Delegados, deixando fora novamente os Agentes Penitenciários, Agentes de Segurança Socioeducativo (Monitores) e Administrativos da SSP. O Governo também não enviou projeto para regulamentar a Gratificação dos Servidores do Porto de São Francisco.

Enfim, que Governo é este que discrimina, marginaliza, divide e tenta ludibriar os servidores, fazendo dos projetos palanque eleitoreiro? Este Governo antidemocrático mais uma vez mostra sua habilidade em dividir, discriminar e fazer do salário sagrado dos servidores um palco para as eleições.

Diante de tanta injustiça governamental o SINTESPE decidiu em reunião de Diretoria estadual no último dia 30/03/2010, apresentar Emendas aos Projetos, através dos Deputados, para que sejam contemplados os Servidores da Educação, Agricultura, Saúde, SSP, AGESC, SDRs que ficaram fora das Gratificações e da melhoria do piso congelado.


Mario Antonio da Silva
Presidente do SINTESPE