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O governo da Coreia do Norte ameaçou nesta terça-feira (25) usar "medidas militares" contra a Coreia do Sul caso seus navios continuem invadindo águas territoriais norte-coreanas, informou a agência sul-coreana "Yonhap".
Em comunicado divulgado pela agência oficial norte-coreana "KCNA", um responsável militar da Coreia do Norte, não identificado, denunciou que vários navios de guerra sul-coreanos entraram em águas norte-coreanas do Mar Amarelo (Mar Ocidental) entre 14 e 24 de maio.
A Coreia do Norte não reconhece a chamada Linha Fronteiriça do Norte, a demarcação marítima traçada no fim da Guerra da Coreia (1950-53), por considerar que está muito próxima de sua costa.
O porta-voz norte-coreano assegurou que se trata de "uma provocação deliberada" e que, se continuarem "as intrusões em nossas águas territoriais", haverá "medidas militares práticas" como resposta, segundo a "KCNA".
O aviso de Pyongyang aconteceu pouco depois que Seul anunciou manobras militares anti-submarinos para esta quinta-feira (27) em águas de sua costa ocidental, em sua primeira demonstração de força após o afundamento do navio de guerra "Cheonan", em 26 de março.
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Uma investigação divulgada na semana passada concluiu que essa embarcação foi atingida por um torpedo disparado por um submarino norte-coreano perto da fronteira marítima no Mar Amarelo, acusação negada por Pyongyang.
No incidente morreram 46 dos 105 tripulantes do navio, no pior incidente naval entre os países desde o fim da Guerra da Coreia.
As manobras sul-coreanas desta quinta-feira (27) acontecerão em águas situadas a cerca de 150 quilômetros a sudoeste de Seul, com participarão de dez navios de guerra, segundo a "Yonhap".
Preparada para guerra
A agência também afirma que o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-il, pôs em alerta o exército e os reservistas depois que Seul o acusou formalmente de ter disparado um torpedo contra o navio de guerra sul-coreano.
Segundo a associação de refugiados norte-coreanos "Solidariedade Intelectual da Coreia do Norte", citada pela "Yonhap", Kim deu esta ordem na quinta-feira passada através do vice-presidente da Comissão Nacional de Defesa norte-coreana, Oh Guk-ryul.
Oh Guk-ryul leu um comunicado perante a imprensa norte-coreana destacando a ordem do líder a seus militares e reservistas "para estarem plenamente preparados para um combate".
De acordo com a associação, Oh Guk-ryul criticou os EUA e a Coreia do Sul por "cometerem a loucura de vingar" o afundamento após vinculá-lo ao regime norte-coreano. Ele também reiterou que se trata de uma "calúnia" dos EUA, do Japão e da Coreia do Sul para "isolar e asfixiar" o país comunista.
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O político acrescentou que, embora seu país não queira uma guerra, a Coreia do Norte responderá ao ataque dos vizinhos do Sul.
Troca de acusações
A Coreia do Sul, por sua vez, decidiu nesta terça-feira declarar que a Coreia do Norte é, novamente, seu "principal inimigo", expressão que tinha retirado em 2004.
Segundo a agência sul-coreana "Yonhap", um responsável do governo sul-coreano considerou que a medida de restaurar o termo de "principal inimigo" era lógica, e confirmou que Seul o incluirá novamente no "livro branco" do Ministério da Defesa do país.
A Coreia do Sul utilizou esta definição pela primeira vez em 1995, depois que um político norte-coreano ameaçou transformar Seul em um "mar de fogo" durante um encontro militar bilateral realizado no ano anterior.
No entanto, o governo eliminou a expressão em 2004, após a melhora das relações entre as duas Coreias, e em seu lugar empregou denominações como "ameaça militar direta" ou "ameaça militar existente" para definir a Coreia do Norte.
Enquanto as duas Coreias trocam acusações, o governo da China, principal aliado dos norte-coreanos, pediu "a todas as partes" para usarem moderação, afirmando que "o diálogo é melhor que o conflito".
"Esperamos que todas as partes implicadas mantenham a calma e exerçam a moderação a fim de conduzir adequadamente o assunto para evitar que a situação se agrave", assinalou a porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores da China, Jiang Yu.
As Coreias atravessam uma situação de forte tensão depois que Seul anunciou nesta segunda-feira (24) a suspensão das relações bilaterais e exigiu desculpas ao regime de Kim Jong-il como resposta ao ataque.
O afundamento do "Cheonan" é o incidente mais grave na disputada fronteira marítima do Mar Amarelo (Mar Ocidental) entre os dois países desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), que terminou com um armistício.
terça-feira, 25 de maio de 2010
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