MST
Do Valor Econômico
Levantamento divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) confirma a aceleração do movimento de concentração na produção de soja do Estado nos últimos anos. Os novos dados mostram que, na última safra (2009/10), os 20 maiores sojicultores radicados em Mato Grosso semearam 1,2 milhão de hectares, ou 20% de uma área total estimada pela entidade em 6 milhões de hectares. Em 2004/05, os gigantes da soja ocuparam 533,7 mil hectares, ou 9% da área total da cultura no Estado.
Na análise que divulgou, o Imea - instituto privado sem fins lucrativos vinculado à associações que representam agricultores - credita a tendência aos ganhos de escala obtidos com a expansão das áreas de plantio e à entrada de grupos estrangeiros no Estado. E mesmo os estrangeiros "profissionais", aqueles que investem no Brasil realmente para produzir e exportar, também precisam dessa escala, já que um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores de Mato Grosso é a logística deficiente. No total, o Estado tem, hoje, cerca de 4,6 mil produtores de soja; há cinco anos, eram 6 mil.
Conforme Otávio Celidonio, superintendente do Imea, o movimento de concentração na soja é mais intenso em áreas de exploração mais recente no oeste, como nos arredores do município de Sapezal, e menos significativo em polos como o de Sorriso, no médio-norte mato-grossense. Em Sapezal, informou ao Valor, uma propriedade "típica" já tem cerca de 2,5 mil hectares; em Sorriso, fica em torno de 1 mil, ainda que existam propriedades bem maiores.
Neste oeste de grandes produtores, lembrou Celidonio, os incrementos se dão por meio de aquisições e arrendamentos, e muitas vezes envolvem áreas de outros grandes com problemas. Há casos na região, atualmente, de produtores com dívidas da ordem de R$ 600 por hectare. Em fronteiras como Sorriso, onde a ocupação da terra pelos agricultores já é mais antiga, a organização entre eles também é maior. Há, por exemplo, pools bem estabelecidos para comprar insumos e comercializar a produção. Ao norte de Sorriso, já no bioma amazônico, questões ambientais também freiam negócios.
De qualquer forma, diz Celidonio, a estrutura financeira ainda é um gargalo para muitos agricultores do maior Estado produtor de soja do país. "A eficiência não pode estar só no campo. O associativismo, o cooperativismo e a formação de condomínios podem ajudar. Mas a concentração deve continuar".
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
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