MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
A cineasta brasileira Iara Lee, que estava a bordo de um dos barcos interceptados na manhã de segunda-feira, diz que "os israelenses começaram atacar de forma indiscriminada" e que em alguns casos atiraram na cabeça dos ativistas.
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Iara Lee falou à Folha por telefone do presídio de Beer Sheva, no sul de Israel. Junto com ela estão detidos centenas de ativistas que tripulavam a frota de seis navios que tentava romper o bloqueio marítimo israelense e levar ajuda humanitária à faixa de Gaza. Pelo menos nove ativistas foram mortos a tiros, e dezenas ficaram feridos em confrontos com soldados israelenses durante a interceptação das embarcações. Israel alega que os soldados reagiram ao ser atacados com barras de ferro e facas, e que abriram fogo para evitar um linchamento.
"Esperávamos que eles dessem tiros na perna, tiros no ar, só para aterrorizar as pessoas, mas foram direto. Eles atiraram na cabeça dos passageiros", relata a cineasta, que é ex-mulher do diretor Leon Cakoff.
Divulgação
A cineasta brasileira Iara Lee, que estava no comboio atacado em Israel
Iara Lee se negou a assinar uma declaração admitindo que entrou ilegalmente em Israel, o que aceleraria sua deportação do país. A embaixada do Brasil em Tel Aviv colocou um advogado à disposição da brasileira, que também tem passaporte americano. Ela será submetida a um procedimento administrativo e deve ser expulsa de Israel.
Os confrontos que resultaram nas mortes dos ativistas ocorreram a bordo da maior embarcação, onde havia cerca de 500 ativistas, a maioria turcos, quando a frota se encontrava em águas internacionais.
O violento incidente deflagrou onda mundial de condenação a Israel, que alegou que havia extremistas nos navios e que os soldados agiram em legítima defesa.
Iara Lee é uma produtora e cineasta brasileira de ascendência coreana radicada nos EUA. Entre suas obras estão os documentários "Synthetic Pleasures" (1995), que trata do impacto da alta tecnologia sobre a cultura de massas, e "Modulations" (1998), sobre música eletrônica.
Críticas
O Conselho de Segurança da ONU pediu a realização de uma investigação imparcial e credível dos fatos e condenou os "atos de força" que provocaram mortes e deixaram feridos, mas evitou condenar Israel de forma aberta.
Os membros do Conselho de Segurança negociaram durante quase 13 horas a fórmula para expressar sua preocupação perante a gravidade da operação militar israelense, que foi criticada com dureza pela comunidade internacional, e aprovaram uma declaração presidencial, que tem uma categoria inferior à resolução de condenação solicitada por turcos, palestinos e países árabes.
No comunicado lido ao fim da reunião de emergência do CS, os membros do conselho condenaram o ataque que deixou ao menos dez mortos.
A declaração, lida pelo presidente em exercício, o embaixador do México Claude Heller, afirma que a "situação de Gaza não é aceitável" e retoma a resolução 1860, de janeiro de 2009, que exige a livre distribuição de alimentos, combustíveis e medicamentos em Gaza -- o CS exigiu que Israel implemente a resolução.
O texto pede ainda uma investigação "rápida, imparcial, credível e transparente conforme as normas internacionais". Heller afirmou que ainda será decidido que fará as investigações.
Redação UOL
terça-feira, 1 de junho de 2010
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